quarta-feira, setembro 19, 2012
Choque de extremos e o mundo num barril de pólvora
Enquanto
Israel (com ou sem apoio norte-americano) ameaça invadir o Irã para acabar com
o programa nuclear de Ahmadinejad (que deseja riscar Israel do mapa),
americanos irresponsáveis divulgam um vídeo que ofende a religião islâmica e
acabam provocando a ira dos seguidores de Maomé. O embaixador americano na
Líbia, Christopher Stevens, pagou com a vida e tem havido várias manifestações
de revolta por parte de muçulmanos inflamados. Para piorar a situação, a
revista francesa Charlie Hebdo resolveu,
em pleno calor da crise, publicar charges com o profeta islâmico (os muçulmanos
não permitem sequer representar Maomé artisticamente). Ninguém sabe o que
poderá ser a reação dos EUA, nem tampouco de que maneira as charges atiçarão
ainda mais os revoltados. O mundo realmente está sentado sobre um barril de
pólvora. A paz é mais frágil do que se pensa.
Segundo
matéria publicada no portal Terra,
o Ministério das Relações Exteriores da França anunciou que fechará suas
embaixadas e escolas nesta sexta-feira em países muçulmanos como medida de
precaução após a publicação das caricaturas. A decisão atingirá vinte países e
o governo teme que os cartuns inflamem ainda mais os ânimos, já acirrados após
a divulgação do filme.

O
vídeo que desencadeou essa onda de protestos no mesmo dia em que os Estados
Unidos relembravam os atentados terroristas de 2001 traz trechos de “Innocence
of Muslims”, filme produzido nos Estados Unidos sob a suposta direção de Nakoula
Basseky Nakoula. Ele seria um cristão copta egípcio residente nos Estados
Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O filme,
de qualidades intelectual e cultural amplamente questionáveis, zomba
abertamente do Islã e denigre a imagem de Maomé.
Parece
que a ordem do dia é mesmo a provocação. Dando também sua contribuição, as ativistas
do movimento feminista Femen protestaram
seminuas (pra variar) na inauguração da sede da organização em Paris. A ONG
ucraniana se instalou na capital francesa para “recrutar soldados” na luta
contra a discriminação de mulheres. Os
métodos delas (que pregam a liberdade, mas se exibem como prêmio para os
repórteres e para os olhares ávidos dos homens) e de organizações como a Peta são altamente questionáveis. A causa parece justa, mas os instrumentos de
luta ficam longe disso. Desta vez, no entanto, creio que as peladas foram longe
demais. No tronco de uma delas podia ser lido: “Muçulmanos, vamos ficar pelados.”
Liberdade
de expressão é uma coisa, desrespeito à fé alheia é outra. É verdade que o
cristianismo e figuras bíblicas vêm sendo debochados há muito tempo, e é
verdade também que a reação dos muçulmanos radicais é desproporcional (Jesus
foi escarnecido, humilhado e morto, ainda assim, ensinou Seus discípulos a orar
pelos que os perseguem; Maomé bem que podia ter ensinado algo parecido), mas
nada justifica a agressão e a provocação gratuitas que o filme, as charges e as
militantes do Femen estão promovendo. É irresponsável, pois faz sofrer e até
leva à morte quem não tem nada a ver com a coisa.
A
situação do mundo vai ficando cada vez mais crítica com uma clara polarização
entre os “moderados”, que pregam a união e a paz, e os radicais,
“fundamentalistas” que agridem e pagam com mais agressão. Já existem vozes
clamando contra esse “fundamentalismo” (vou publicar algo sobre isso em breve)
e precisamos ficar atentos ao desenrolar dos fatos.
Dias
piores virão, certamente.
Michelson Borges
Nota:
Conforme escreveu meu ex-professor de jornalismo, Nilson Lage: “Hipocrisia é proibir a publicação das mamas expostas de
uma duquesa [Kate Middleton] e permitir insultos a um profeta em que creem milhões
de pessoas.”
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