segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MSM: A classe baixa

O establishment educacional auxilia e instiga esse estado de ignorância bruta.

Anthony Daniels, que escreve sob o pseudônimo de Theodore Dalrymple, é um já aposentado médico e psiquiatra do sistema prisional que conta suas experiências com seus pacientes em "Life at the Bottom" É um livro perspicaz de ensaios sobre o comportamento autodestrutivo e atitudes da classe baixa.
Em um ensaio – "We don’t want no education" (Não queremos educação alguma) – reeditado pela City Journal (http://www.city-journal.org/html/5_1_oh_to_be.html), Dalrymple diz que ele não consegue se lembrar de ter encontrado alguém com 16 anos, do antigo do projeto de moradia pública perto de seu hospital, que pudesse realizar operações de multiplicação simples, como nove vezes sete. Um de 17 anos de idade disse-lhe: "Nós não chegamos a esse ponto." Isso depois de 12 anos de frequência à escola. Uma das pacientes de Dalrymple tomou uma overdose de drogas por causa do constante bullying por parte de colegas de classe. "Ela era estúpida porque era inteligente". O que seus colegas queriam dizer era que qualquer um que trabalhasse duro e tivesse um bom desempenho na escola estava perdendo seu tempo quando gazetear aulas e vagar pelo centro eram consideradas atividades preferíveis. A ameaça subjacente era: se você não tomar jeito e se juntar a nós, vamos bater em você.
Estes não eram ameaças vãs. Dalrymple diz que muitas vezes encontrou em seu trabalho pessoas na casa dos 20 ou 30 anos que desistiram da escola sob tal coação. Aqueles que frequentam uma escola que tem padrões acadêmicos muito elevados arriscam-se a uma surra caso se aventurem em bairros onde a classe baixa vive. Ele se lembra de ter tratado dois rapazes no pronto socorro depois de terem sido espancados e outros dois que haviam tomado overdoses por medo de serem espancado nas mãos de seus vizinhos.
Dalrymple diz que a maioria dos jovens a quem ele conheceu em seu trabalho não podia citar um único escritor e nem recitar uma linha de poesia. Nenhum de seus jovens pacientes poderia dar as datas da Primeira Guerra Mundial, muito menos da Segunda Guerra Mundial. Alguns pacientes nunca ouviram falar dessas guerras, apesar de um de seus jovens pacientes, que tinha ouvido falar da Segunda Guerra Mundial, achasse que ela ocorrera no século 18. Neste clima de total ignorância, Dalrymple diz que ficou impressionado que o jovem tivesse ouvido falar do século 18.
O establishment educacional auxilia e instiga esse estado de ignorância bruta. Dalrymple conta sobre um caso em que o diretor permitia aos professores fazer apenas cinco correções por trabalho, independentemente do número real de erros presentes. Isto é feito de modo a não prejudicar a autoestima do aluno. Há muitos outros exemplos, mas Dalrymple conclui que "é extremamente difícil derrubar essas tendências educacionais (ou anti-educacionais)", porque "os professores e os professores dos professores das escolas normais estão profundamente imbuídos dos tipos de ideias educacionais que nos trouxeram a este ponto".
O leitor pode ter sido induzido em erro, com a minha ajuda, em pensar que "We don’t want no education" é sobre a classe baixa negra, mas é sobre a classe baixa branca na Grã-Bretanha. Nós não podemos usar o racismo branco e o legado da escravidão – tão freqüentemente utilizados para analisar a classe baixa negra – para explicar a classe baixa da Grã-Bretanha. O estado do bem-estar social e as estúpidas ideias do establishment de ensino público são uma explicação muito melhor para as atitudes contraproducentes e autodestrutivas e estilos de vida de ambas as classes baixas.
A "herança da escravidão" certamente não pode explicar os problemas entre os negros, exceto se presumirmos que ela salta gerações inteiras. Em meu livro "Race and Economics" (Hoover Press, 2011), eu cito estudos que mostram que em Nova York, em 1925, 85 por cento dos lares negros eram compostos por ambos os pais. Em 1880, na Filadélfia, três quartos das famílias negras era composta por ambos os pais e filhos. Nacionalmente, no final de 1800, o percentual de famílias biparentais era de 75,2 por cento para os negros, 82,2 por cento para os irlandeses-americanos, 84,5 por cento para teuto-americanos e 73,1 por cento para brancos nativos. Hoje pouco mais de 30 por cento das crianças negras desfruta de famílias biparentais. Tanto durante a escravidão e mais tarde na década de 20, uma adolescente negra criando um filho sem a presença do homem era raro.
O estudo de Dalrymple a partir da Grã-Bretanha mostra que o Estado social é um destruidor de oportunidades iguais.



Walter Willians
é professor de Economia na Universidade George Mason.
Tradução: Daniel Antonio de Aquino Neto
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