| 27 Outubro 2012
Artigos - Educação
Artigos - Educação
O establishment educacional auxilia e instiga esse estado de ignorância bruta.
Anthony Daniels, que escreve sob o pseudônimo de Theodore Dalrymple, é um já aposentado médico e psiquiatra do sistema prisional que conta suas experiências com seus pacientes em "Life at the Bottom" É um livro perspicaz de ensaios sobre o comportamento autodestrutivo e atitudes da classe baixa.
Em um ensaio – "We don’t want no education" (Não queremos educação alguma) – reeditado pela City Journal (http://www.city-journal.org/html/5_1_oh_to_be.html),
Dalrymple diz que ele não consegue se lembrar de ter encontrado alguém
com 16 anos, do antigo do projeto de moradia pública perto de seu
hospital, que pudesse realizar operações de multiplicação simples, como
nove vezes sete. Um de 17 anos de idade disse-lhe: "Nós não chegamos a
esse ponto." Isso depois de 12 anos de frequência à escola. Uma das
pacientes de Dalrymple tomou uma overdose de drogas por causa do
constante bullying por parte de colegas de classe. "Ela era
estúpida porque era inteligente". O que seus colegas queriam dizer era
que qualquer um que trabalhasse duro e tivesse um bom desempenho na
escola estava perdendo seu tempo quando gazetear aulas e vagar pelo
centro eram consideradas atividades preferíveis. A ameaça subjacente
era: se você não tomar jeito e se juntar a nós, vamos bater em você.
Estes
não eram ameaças vãs. Dalrymple diz que muitas vezes encontrou em seu
trabalho pessoas na casa dos 20 ou 30 anos que desistiram da escola sob
tal coação. Aqueles que frequentam uma escola que tem padrões acadêmicos
muito elevados arriscam-se a uma surra caso se aventurem em bairros
onde a classe baixa vive. Ele se lembra de ter tratado dois rapazes no
pronto socorro depois de terem sido espancados e outros dois que haviam
tomado overdoses por medo de serem espancado nas mãos de seus vizinhos.
Dalrymple
diz que a maioria dos jovens a quem ele conheceu em seu trabalho não
podia citar um único escritor e nem recitar uma linha de poesia. Nenhum
de seus jovens pacientes poderia dar as datas da Primeira Guerra
Mundial, muito menos da Segunda Guerra Mundial. Alguns pacientes nunca
ouviram falar dessas guerras, apesar de um de seus jovens pacientes, que
tinha ouvido falar da Segunda Guerra Mundial, achasse que ela ocorrera
no século 18. Neste clima de total ignorância, Dalrymple diz que ficou
impressionado que o jovem tivesse ouvido falar do século 18.
O establishment educacional
auxilia e instiga esse estado de ignorância bruta. Dalrymple conta
sobre um caso em que o diretor permitia aos professores fazer apenas
cinco correções por trabalho, independentemente do número real de erros
presentes. Isto é feito de modo a não prejudicar a autoestima do aluno.
Há muitos outros exemplos, mas Dalrymple conclui que "é extremamente
difícil derrubar essas tendências educacionais (ou anti-educacionais)",
porque "os professores e os professores dos professores das escolas
normais estão profundamente imbuídos dos tipos de ideias educacionais
que nos trouxeram a este ponto".
O leitor pode ter sido induzido em erro, com a minha ajuda, em pensar que "We don’t want no education"
é sobre a classe baixa negra, mas é sobre a classe baixa branca na
Grã-Bretanha. Nós não podemos usar o racismo branco e o legado da
escravidão – tão freqüentemente utilizados para analisar a classe baixa
negra – para explicar a classe baixa da Grã-Bretanha. O estado do
bem-estar social e as estúpidas ideias do establishment de ensino
público são uma explicação muito melhor para as atitudes
contraproducentes e autodestrutivas e estilos de vida de ambas as
classes baixas.
A
"herança da escravidão" certamente não pode explicar os problemas entre
os negros, exceto se presumirmos que ela salta gerações inteiras. Em
meu livro "Race and Economics" (Hoover Press, 2011), eu cito
estudos que mostram que em Nova York, em 1925, 85 por cento dos lares
negros eram compostos por ambos os pais. Em 1880, na Filadélfia, três
quartos das famílias negras era composta por ambos os pais e filhos.
Nacionalmente, no final de 1800, o percentual de famílias biparentais
era de 75,2 por cento para os negros, 82,2 por cento para os
irlandeses-americanos, 84,5 por cento para teuto-americanos e 73,1 por
cento para brancos nativos. Hoje pouco mais de 30 por cento das crianças
negras desfruta de famílias biparentais. Tanto durante a escravidão e
mais tarde na década de 20, uma adolescente negra criando um filho sem a
presença do homem era raro.
O estudo de Dalrymple a partir da Grã-Bretanha mostra que o Estado social é um destruidor de oportunidades iguais.
Walter Willians é professor de Economia na Universidade George Mason.
Tradução: Daniel Antonio de Aquino Neto
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